sexta-feira, 24 de outubro de 2008

BABA-OVOS


Vindo de São Paulo com meu filho, após o show que realizou no sábado passado, com passagens compradas para voltar ao Rio pela TAM, nos apresentamos no horário correto do embarque e como ele carregava um órgão para uma show que faria no Rio com o Felipe Ricotta, no Canequinho, cai na besteira de perguntar no balcão se havia algum problema dele transportar o instrumento como bagagem de mão, como o fazem todos os músicos.

Puta que o pariu futebol clube!!! O atendente no balcão começou a criar problemas, afirmando que o peso do teclado era maior que o permitido, que isso e aquilo, e diante da insistência, chamou sua chefe. Veio uma daquelas mulheres engomadinhas com uniforme da TAM, para solenemente dizer que não podia e que o teclado tinha que ser despachado pelo setor de cargas da companhia ou que deveria comprar uma passagem aérea a mais.

Mandei o Emidio até a tal TAM-Cargo, que por sinal fica fora do aeroporto de Congonhas. Lá a informação era de que não tinham capacidade de efetuar o transporte com segurança. É pra rir ou não sei se é para chorar...

Como não queria mais perder tempo, estava de saco cheio e ia acabar sendo preso naquela bosta de aeroporto, parei no balcão e comprei mais uma passagem para acomodar nosso companheiro de viagem, a quem chamei de ¨Zé Arruela¨. Lógico, porque passageiro tem que ter um nome. Daí por diante passamos a conversar com o teclado no balcão da Tam, aproveitando para descascar a companhia:

-Pois é... o dinheiro de sua passagem bem que podia servir para pagar às famílias das vítimas daquele acidente não é Zé Arruela?!...

O pessoal em volta ria, mas como se tratava de uma questão inusitada, não havia outro jeito senão gozar de tudo.

No Brasil, o instrumento de trabalho de um músico é considerado gente. Tem que pagar passagem para ele. Isso é sacanagem, mas é literalmente verdade.

Eu nem quis criar mais caso, assim como não permiti que meu filho visse, mas na hora do embarque, bem perto, em outro vôo, um outro músico embarcava com seu instrumento como bagagem de mão, sem ser molestado ou ter que pagar mais uma passagem. Dancei nessa mas ficou como experiência.

Na verdade fui besta de perguntar no balcão. Imediatamente arrumaram um pé para exercitar o melhor exercício que os baba-ovos tem: puxa-saquismo através da burocracia. Se nós nada tivéssemos falado, embarcaríamos com o teclado como bagagem de mão, sem ninguém reclamar.

Mas enfim, estamos no Brasil, estamos num país onde a safadeza impera e alguém tem que pagar por ela. Desta feita fui eu, mas hoje mesmo, em algum lugar, alguém está dando sua cota de sacrifício em nome de defender o emprego de mais um ou dois baba-ovos. Fazer o que?!...

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