segunda-feira, 4 de abril de 2011
EM BUSCA DA FELICIDADE
Eu ainda não consegui alcançar a amplitude verdadeira da pergunta que as pessoas martelam tanto: “Maria foi ou não garota de programa?”. Confesso que essa questão já virou algo tão absurdo que fica parecendo que a resposta vai mudar os rumos do mundo. Será que se Maria tivesse realmente tido esse passado não teria aparecido alguém para acusar, responder, apontar?
É relevante que em outros assuntos a própria mídia faça surgir elementos comprobatórios, mas no caso da Maria e a grande dúvida que permeia as cabecinhas que querem contestar seus méritos ainda não tenham conseguido achar uma pessoa que venha acusá-la. Até agora o que existem são os filmes da Dream Cam, nada mais. Isso não prova absolutamente nada. Mas e se vier a prova?
Mas vamos além: se fosse, isso iria tirar 1,5 milhão de sua conta? Piada.
O que permeia o imaginário das pessoas pode levar a erros enormes. Eu acredito que a impertinência de atacar Maria com esse tipo de questionamento é algo de tal forma absurdo e invasivo que se assemelha aos julgamentos da inquisição. A vontade é de promover o escárnio de alguém que ousou desafiar os padrões de uma sociedade cheia de mazelas e falsa, e mostrar que qualquer um pode revelar seu lado doce, meigo e apaixonado e conquistar com ternura a admiração coletiva.
Que Maria os inquisidores queriam? Uma puta destrambelhada, barraqueira, sem freio, babando e se rasgando no meio da rua? Pois tiveram uma pessoa normal, com sinceridade de sentimentos, com suas dúvidas e aflições, aliás, as mesmas que permeiam o quarto de adolescentes da alta sociedade que vive encoberta sob o manto hipócrita de grilhões impostos por uma ética que acaba propiciando grandes escândalos. Exemplos não faltam.
Parecem querer imolar Maria porque é uma mulher linda e levou seu exibicionismo ao extremo. Quem mais ataca Maria pode não estar em condições de levantar qualquer bandeira moralista. O espelho é sempre um inimigo feroz, revelador, mostrando as rugas de quem tanto aponta o dedo. Ou não é?!...
Estou me insurgindo contra esse preconceito absurdo porque o BBB este ano acabou por investir na diversidade e vejam bem os quatro finalistas escolhidos. Façam uma análise de cada um e concluam. Afinal porque só Maria é a julgada, porque só ela merece estar sendo execrada?
Mas é preciso ir um pouco além. Quem são essas pessoas que exigem tanto essas explicações?; Qual o passado delas?; De onde saíram?; Qual sua base familiar?; A quem estão servindo?
Dhomini, o maior BBB da história, foi enfático: “o preconceito é o maior problema de todos. Vença ele e aproveite o máximo que você poderá dobrar o que ganhou em um ano”.
Por fim eu acho que estão querendo que Maria devolva o dinheiro que ganhou e diga que não mereceu. Só se for isso. Quanta baboseira junta.
Agora, não adianta chorar. Maria ganhou pela vontade popular, vai aproveitar sua vida, consagrada e milionária para tristeza de seus detratores, daqueles que acham que ela ganhou apenas porque era alegre, engraçada. Isso se resume na resposta que ela deu no programa do Faustão: inveja. Aliás, foi lá do Faustão que partiram os grandes ataques.
Não é fácil viver onde campeia essa inveja, o preconceito que parte de quem não tem moral, onde ser feliz é quase um crime. Pois é preciso pensar que a esmagadora maioria dos votos de Maria partiram de pessoas que queriam poder ter aquele sorriso, aquelas atitudes, aquele charme, aquele desprendimento. Tudo isso porque a sociedade castra, impede, julga e ninguém aguenta mais isso.
Maria é um pequeno exemplo de que isso é possível. Deixou sua marca e soma-se a outras pessoas que reagem contra os ditames carcomidos que ainda são impostos para que tudo seja sombrio, sem graça e proibido.
Mas não é imoral, não engorda e não fere ninguém ser feliz. Vai nessa Maria, aproveite sua vida e continue brigando e quebrando tudo para ser feliz, sem se importar com o que passou!