quinta-feira, 24 de março de 2011

MARIA CORAÇÃO



Imagem de Elson

"Lembra do que eu falei para você em uma festa? Você vai ganhar e você merece ganhar. Eu quero que você ganhe. Escuta o que eu estou te falando! Eu não me chamo Maria se você não ganhar", garante a sister. Daniel fica sem graça com a declaração da atriz. "Para Maria!", pede Daniel, que logo em seguida agradece e abraça Maria. (trecho transcrito do site oficial do BBB, na Globo.com)

Eu não me lembro de algo parecido. Na reta final, nos finalmentes, alguém jogar por terra suas expectativas, o motivo de seu ingresso no jogo para torcer pelo oponente. Creio que esse desprendimento, esse descarte de valores materiais só possa partir de alguém de valor inestimável, que é capaz de se prejudicar em nome de beneficiar alguém que considera ter menor possibilidade de atingir o mesmo objetivo. Abrir mão de um sonho em benefício de outrém é algo que nos dias atuais só se vê em novelas.

Maria falou nisso pela segunda vez e abandonou a condição de participante para se tornar uma torcedora de Daniel. Por tudo que ela passou no programa, pelo ombro que Daniel significou, pelo apoio do pernambucano em todos os momentos, pela alegria que os dois tiveram ao longo do BBB, é compreensível e revela o tamanho gigante dessa mulher tão destratada, humilhada em rede nacional de TV, enlameada.

Tenho ainda certas reservas quanto aos méritos de Daniel para ganhar o prêmio. Citar os fatos acima não significa que torço por ele. Estou apenas constatando o gesto de Maria. Na reta final, com chances indiscutíveis de abocanhar 1,5 milhão de reais, abre mão disso em benefício de alguém que conheceu lá dentro, em nome da alegria e companheirismo que lhe proporcionou e por reconhecer que poderá fazer um trabalho social relevante.

Nesse tão decantado mundo globalizado, de disputas ferrenhas, onde o respeito pelo semelhante se perde cada vez mais, onde o que vale é a tão badalada “Lei de Gerson”, aquela em que o indivíduo só pensa nas vantagens que pode levar e se apega a elas com unhas e dentes, Maria renega sua própria sorte para que Daniel possa se locupletar.

Quem viu a Maria ao longo do programa acabou enxergando que era realmente uma pessoa diferenciada, cujos valores eram discutidos, cujo modo de vida foi tão criticado, seguindo-se a um romance do qual só ela participava e no qual investiu tanto a ponto de se tornar inconveniente. Foi alvo de humilhações, agressões, chacota. Maria desceu, foi lá embaixo. Mas tal qual Fenix, ressurgiu pelos braços de Wesley, para agora revelar com toda intensidade a grandeza de um coração que não cabe em seu peito. Maria é pura emoção. Vive disso, se alimenta com sonhos de justiça e de um mundo melhor. Maria quer investir sempre no amor que tem para distribuir e é capaz de abrir mão de algo que todos que alí estão, buscam com todas as forças. Incrível essa Maria.

Ela com esse gesto diz a quem torce por ela que não precisam mais apoiá-la. Se derem a Daniel o que ela conquistou junto ao público, será seu maior prêmio. E eu confesso que fico estupefato que hoje em dia alguém faça isso.

Como aficcionado de BBB, confesso que me rendo a essa criatura, não como jogadora. Ela nem sabe direito o que é jogar num BBB. Sua trajetória mostra que ela foi buscar alí um pouco de felicidade. E cá prá nós, Maria merece isso.

Tanto desprendimento só revelou que os julgamentos precipitados são um erro enorme. Quem julgou Maria antes do tempo deve agora estar pensando. O que dizer agora diante da amplitude desse gesto?

Segue o jogo, mas eu não podia deixar de registrar aqui o meu reconhecimento a quem efetivamente protagonizou o BBB11. Ele foi todo de Maria. Tudo que aconteceu, os rumos tomados, os momentos mais intensos, de alegria e tristeza, em tudo lá estava ela.

Por tudo isso, eu acho que Maria pode perfeitamente à partir de agora ser chamada não tão sómente de Maria. Maria tem agora um sobrenome, virou um símbolo. Ela é Maria Coração. Uma mulher respeitável!

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